Introdução Alimentar

É difícil que pensemos nisso antes que a hora chega.

O bebê precisa começar a comer alimentos além do leite materno e é então que nós, pais de primeira viagem, percebemos que não fazemos a menor ideia de como introduzir alimentos.

Nos guiamos por instintos e pelo que nos dizem os amigos e parentes (e cada um diz uma coisa, disso eu sei, e que todos querem ajudar, mas as vezes acabam nos estressando querendo mandar na forma com que cuidamos e criamos nossos filhos).

Espero que esse artigo te ajude a tirar algumas dúvidas sobre como introduzir novos alimentos na dieta de seu filho.

Tentei sanar as dúvidas mais comuns, ou ao menos, as dúvidas que eu tinha.

Até os Seis Meses

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que até o sexto mês do bebê não seja oferecido nada a não ser o leite materno.

Nem mesmo água

Ou seja, a introdução de outros alimentos se dará depois desse período.

O aleitamento deve continuar até uns dois anos, lembrando, cada caso é um caso e é muito importante buscar recomendações do pediatra da criança (no meu caso, a exemplo, meu filho nasceu com fenda palatina – não tinha todo céu da boca formado – e teve de ter um acompanhamento maior, tanto em função das dificuldades causadas pela fenda quanto pelas cirurgias).

Busque aconselhamento profissional com um pediatra.


Acima de Seis Meses

Vá de forma lenta e gradual oferecendo novos alimentos para o seu bebê. É no sexto mês que começa a se desenvolver o paladar, e a fase oral da criança.

Pelo oitavo mês já deve ter chegado a uma rotina de 2 papas de fruta e 2 papas salgadas (almoço e janta), além é claro, do leite materno.

Deve-se resistir a tentação de bater os alimentos no liquidificador. Isso não é recomendado por deixar a comida muito fina e misturada, e nessa fase, é muito importante que a criança experimente diferentes texturas e sabores, assim como também que vá desenvolvendo os movimentos de mastigação.

Oferecer frutas amassadas ou em pedaços é aconselhável para auxiliar a criança nesse processo.

Clique aqui para ver algumas receitas de papinha

Vença o Medo

Eu sei que no meu caso foi bem específico, a fenda palatina fazia o meu guri se engasgar com frequência e isso criou um certo trauma tanto nele quanto em nós.

Mas é necessário vencer o medo e persistir.

Crianças que não tenham esse tipo de problema (fenda palatina) irão se afogar muito menos e bem rapidamente já estarão comendo sem causar tanta preocupação ou estresse.

É aconselhável que os pais, tios, avós,… e quem mais fique sozinho com a criança ou se responsabilize por sua alimentação, saiba algumas técnicas básicas de primeiros socorros, para saber como agir no caso da criança se afogar. O mais importante é manter a calma, na maioria das vezes é apenas um leve susto já que a criança está se adaptando.

Comece gradualmente, não tente passar do leite direto para o alimento sólido que a família costuma comer.


A Hora da Refeição

A hora da refeição é sagrada. E aqui vai algumas dicas:

  • Crie uma rotina – Crianças gostam de coisas previsíveis, isso as deixará mais calmas na hora de comer
  • Evite distrações – Não fique no celular enquanto alimenta seu filho, nem fique distraída com a tevê, se foque no que está fazendo e isso ajudará seu filho a se focar também, a introdução alimentar é uma experiência nova para ele, dê atenção a esse momento
  • Um bebê feliz e confortável é melhor – Óbvio né, mas ainda assim preciso dizer, considere o local onde alimentará a criança, é calmo, arejado, é confortável para a criança? Se o bebê ainda é muito pequeno e não tem firmeza, considere deixá-lo no carrinho ao invés da cadeirinha (mas não o deixe deitado). Se ele estiver calmo, relaxado e confortável comerá melhor.
  • Temperatura é importante – A temperatura do ambiente, das roupas do bebê e é claro, da papinha, algo muito quente ou muito frio não será legal e vai dificultar a introdução de alimentos, experimentar é bom, deixe que o bebê prove alimentos em diferentes temperaturas e descubra quais lhe agradam mais
  • Quanto as roupas – Elas vão ficar sujas, e talvez bem mais do que elas. Para reduzir o seu estresse – e poder permitir que a criança se suje um pouco – dê preferência por roupas mais velhas e confortáveis, assim não se importará tanto quanto o ver todo sujo de comida, isso faz parte do processo de experimentação pelo qual a criança passa

As Dificuldades

Como falei acima, é sempre importante zelar pelo conforto da criança, e para isso, ajuda conversar com ela, ao conversar você estimula o seu filho a desenvolver também a comunicação, além de estreitar o relacionamento entre vocês.

Outras dificuldades que costumamos encontrar:

  • Criança empurra comida para fora com a língua – Normal. Não pense que a criança faz isso por não querer comer, esse ato de empurrar a comida com a língua, as vezes jogando tudo pra fora, ocorre por dois motivos bem simples:
    • Amamentação – Esse reflexo da língua se deve em parte ao movimento usado para a sucção durante a amamentação, assim, até aprender a comer
    • Fase Oral – Após o sexto mês mais ou menos, a criança entra na fase oral, e para provar coisas, é normal ela provar tocando a ponta da língua, então, não se assuste nem desista.
    • Dica: Tente depositar o alimento sobre o centro da língua do bebê, assim ele irá levá-la para dentro da boca ao recuar a língua. E lembre, comece aos poucos, em poucas quantidades, e vá aumentando de forma gradual
  • Não gosta da comida – Não é que não goste, a cara feia ao provar o alimento se dá pela estranheza em relação ao gosto diferenciado daquilo. Segundo especialistas uma criança leva de 8 a 15 provas, antes de gostar de algo. Claro que existem exceções, e talvez goste de algo até na primeira prova, mas persista, não insista. Dicas:
    • Dê um tempo entre cada experimentação, não ofereça 15 vezes no mesmo dia, dê um espaço, dias, semanas, uma hora o sabor ficará familiar e a criança poderá gostar
    • Não force demais. Pode se tornar um problema se a criança vincular um alimento, ou mesmo a hora da refeição, a algo tenso e negativo
    • Compartilhe seus gostos. Involuntariamente nos expressamos nossos gostos (mesmo que de forma muito sutil através de micro expressões), a criança nota, e se ver que um alimento parece desagradável para você, a chance de também adquirir repulsa a aquilo é bem maior.
  • Ele se irrita na hora das refeições – Os motivos podem ser muitos, os principais costumam ser:
    • Fralda – Antes de dar a refeição, verifique a fralda. E durante a refeição, se ele ficar muito irritado, confira novamente. O que acontece é que a hora de comer movimenta o organismo da criança, e não é incomum que ao começar a se alimentar, já encha a fralda novamente.
    • Incômodo – Além da fralda cheia, alguma outra coisa pode estar incomodando a criança, por isso a importância de um ambiente agradável para a hora das refeições, coisas que distraiam o seu bebê roubando sua atenção ou vontade de comer, podem prejudicar muito. Então para o seu bem e dele, ambiente e local agradável, sem distrações ou perturbações, o bebê deve estar bem confortável, sempre.
    • Sono – O ideal é comer sem estar com sono, o cansaço pode se apresentar como uma barreira intransponível, e que só pode ser vencida com a rotina de horários e um tempo adequado para descanso
    • Estresse – Impossível alimentar um criança estressada, o resultado não é nada bom, então, evite o estresse. Converse, faça brincadeiras, torne o momento da refeição algo legal. Se precisar, tire ele da cadeirinha e fique com ele um pouco no colo. Cada criança tem suas manhas, mas o importante é que retorne para a cadeirinha mais calmo e tranquilo, que assim comerá melhor e com mais segurança.

Os Alimentos

O Ministério da Saúde recomenda o seguinte Esquema Alimentar para as crianças amamentadas:

e para crianças não amamentadas:

(Sempre busque orientação médica)

Para a introdução alimentar:

As Frutas devem ser amassadas com um garfo ou dadas em pequenos pedaço. Prefira frutas de sabores suaves e tente intercalar entre as que soltam ou prendem o intestino.

Frutas que Soltam: Mamão, Abacate

Frutas que Prendem: Banana, Maça

Para as Papinhas Salgadas, tente combinar uma carne, dois legumes, uma verdura e um cereal, evite sal e alterne os alimentos, dando a maior variedade possível para estimular o paladar.

Algumas sugestões do que usar para a papinha, o ideal é um alimento de cada um dos grupos abaixo:

  • Cereais e Massas: Arroz | Quinoa | Milho | Macarrão
  • Proteínas: Franco | Carne Bovina | Ovos | Peixes (Salmão, Congrio, Pescada ou Linguado) | Fígado de Frango ou Bovino
  • Leguminosas: Ervilha | Lentilha | Grão de Bico | Feijão
  • Hortaliças Verdes: Vagem | Brócolis | Couve | Chuchu | Abobrinha | Espinafre | Repolho
  • Hortaliças Coloridas: Berinjela | Couve-Flor | Cenoura | Repolho-Roxo | Beterraba
  • Tubérculos: Batata Salva | Inhame | Batata | Batata Doce | Aipim

Se tiver interesse, veja: 100 RECEITAS DE PAPINHAS

O que não dar

Até 1 ano NÃO se deve dar:

  • Leite de Vaca – Pode causar alergias
  • Mel – Pode conter bactérias que causam botulismo
  • Sal – Evitar ao máximo e quando começar a usar colocar muito pouco
  • Sucos – Dê preferência por oferecer frutas a sucos, as frutas tem mais fibras e menos frutose

Até 2 anos NÃO é aconselhável dar:

  • Frutos do Mar – Extremamente alergênicos
  • Amendoins, Nozes, Avelãs e outros – Alergênicos
  • Açúcar – Calórico sem valor nutritivo e viciante
  • Café – Cafeína tem efeito viciante e prejudica sono
  • Peixe Cru e Ovo Cru – Podem conter bactérias

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